sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Grupo 5: Hegemonia Cultural Brasileira

Entende-se por hegemonia cultural a sobreposição ou hierarquia de uma cultura sobre a outra, não abrindo espaço para outras manifestações culturais. No Brasil nos podemos perceber ao longo da história algumas relações de produto cultural e sua hegemonia, as quais citaremos aqui dois casos.

Antes da semana da arte moderna, era somente valorizada a arte e os imóveis (patrimônio histórico cultural) que vinham da classe burguesa, erudita, européia, ou seja, brancos e homens, o que já condiz com a igreja, e isso causava uma hierarquia na cultura, pois a sociedade brasileira tem um povo miscigenado tinha uma complexidade muito maior, após a semana da arte moderna, a busca por uma identidade brasileira que realmente representasse seu povo, com isso a hierarquia existente foi amenizada, e isso podemos notar nitidamente comparando o período pré semana da arte moderna e pós.

A questão da hierarquia da cultura européia sobre as demais culturais do Brasil diluiu-se, mas ainda hoje temos alguns aspectos de hierarquia de produtos culturais como o catolicismo no Brasil, que é sobressalente às outras religiões, além disso, não abrindo espaço para as outras, o catolicismo praticamente monopoliza feriados, datas comemorativas (como Natal, Páscoa, Corpus Christi) e também simbolismos no próprio governo brasileiro, como por exemplo, cruz nos tribunais, ou as lajotas no STJ em Brasília, que representam o poder divino sobre os homens que é uma ideia cristã. Isso ocorre mesmo o Brasil sendo um país laico, onde em teoria não há uma religião definida, e assim abrir espaço para a diversidade religiosa, entretanto, não percebemos políticas eficazes para que a mesma ocorra.

A conseqüência dessa relação é um certo desconforto de identidade frente as diferenças culturais quanto ao que se refere a população, pois ao dar ênfase a certas manifestações ou produtos culturais, outros perdem espaço, gerando uma certa exclusão e/ou marginalização de outras manifestações ou produtos. Isso pode afetar também na integração da sociedade, pois quem não se integra ao tipo de manifestação que predomina, acabam por sofrer exclusão social, como exemplos disso, as tribos indígenas brasileiras que acabam sendo isoladas, temos uma imagem do bom selvagem, mas não há uma real valorização desses grupos que cause uma integração deles com os demais.

11 comentários:

  1. Gostei do texto, legal porque fala da marginalização ou até mesmo exclusão de certas manifestações culturais e também em colocar um cultura acima da outra, coisas que relembra um pouco do que já vimos em algumas matérias.

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  2. Achei o texto muito bom, e o exemplo bem conhecido, acrescentaria ainda a questão das escolas serem um grande transmissor desta hierarquia cultural, o que atualmente esta sendo pensado, mas que ainda não vemos ser posto em pratica.
    Acho que vocês devem lembrar do tempo de ensino fundamental onde tínhamos uma disciplina chamada ensino Religioso, pois é lembram da religião que era “ensinada”?
    “mesmo o Brasil sendo um país laico, onde em teoria não há uma religião definida”...

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  4. Analisando a nossa cultura local vemos que por muitas vezes a cultura erudita é colocada em um patamar acima da popular. E, há, com certeza, o preconceito com as manifestações culturais da periferia. Assim, o grafite, o hip-hop passam a ser parte de uma parcela da população e depreciada por outra parcela.
    Isso também ocorre no Brasil, de certa forma, com um estado em relação ao outro. Bahia não gosta dos costumes de São Paulo, que não gosta dos costumes do Rio Grande do Sul, que por sua vez acredita ser o único estado rico em cultura própria.

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  5. Hoje em dia há muito preconceito com a cultura que é produzida nas periferias, não são poucas as pessoas que estereotipam os consumidores desse tipo de cultura como marginais, como pessoas que não tem futuro, o clássico "deve ser um vagabundo", que nem sempre é dito e sim pensado, os olhares para aquele grupinho de meninos que escutam Funk é de desconfiança, "será que vão me assaltar?", "devem estar cheirando droga"...
    É uma superioridade posta sobre a sua cultura que faz esse tipo de pessoa ficar cega aos benefícios que essa cultura traz, são muitos os projetos feitos dentro da periferia, para a periferia, que esta tirando muitas crianças da rua, que não teriam futuro, ensinam uma profissão e dão uma qualidade de vida melhor para as pessoas dessas comunidades.
    Estereotipar é feio e é um preconceito a ser combatido.

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  6. É um erro cometido por nós mesmos, que mesmo sem perceber exaltamos uma cultura erudita, algo que venha de fora e deixamos de lado, de forma preconceituosa, aquela cultura indígena, da períferia, tão rica culturalmente como qualquer outra. Não abrimos esse espaço para a diversidade, é tão natural rejeitar o que é nosso e adotar outra cultura que esteja mais de acordo com a nossa ideologia. E sem esse espaço, as mesmas manifestações de cultura irão sempre predominar, uma hierarquia se forma, o que afeta toda uma sociedade que não valoriza sua cultura e vai perdendo a identidade.

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  7. O Brasil é um pais tão diversificado, tão cheio de cultura, tão rico em identidades, mas tão preconceituoso, sempre tentamos impor nossa cultura, nossos costumes à outros. A marginalização de tudo que é ''leigo'' vem sendo um dos grandes problemas do Brasil, com esse preconceito perdemos a oportunidade de conhecer uma cultura bem diferente e ficamos presos ao estereotipo criado pela sociedade em que estamos inseridos.
    Acredito que isso não é algo só nosso, dos brasileiros, é algo do ser humano, temer o que lhe é estranho, assim como estamos acostumados com esse tipo de influencia, só nos deixamos levar, não é algo que paramos para reparar, pensar e mudar, pois é mais fácil não fazer e deixar tudo como está.

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  8. Essa hierarquia cultural, da superioridade da cultura erudita sobre a popular, é algo que nos ensinado desde pequenos, praticamente sem querer. Como já foi dito nos comentário, exaltamos a cultura erudita sem perceber, porque isso é algo que está presente na sociedade a muito tempo (como mostrado no texto) e ela meio que nos educa para pensar assim.
    Não é preciso muito para ver essa hierarquia em nosso cotidiano. Aqui mesmo no Rio Grande do Sul existe uma super valorização da cultura regional, chega a ser um tipo de bairrismo. Escondido (nem tão escondido assim) nessa valorização está o preconceito pela cultura dos demais estados, aquela coisa do "Nós somos os melhores do Brasil" ou "O RS deveria ser um país". É a negação da diversidade cultural baseada na "superioridade" da cultura aqui do sul.
    Nós somos um país laico só na teoria, pois ser cristão pesa muito na hora de escolher um líder político. Apesar de a igreja não ter poder real sobre o Estado, ela continua tendo grande influência e isso acaba minando a possibilidade de uma diversidade também religiosa (como visto no texto).
    Como podemos perceber, aqueles que não se adequarem a um "padrão" cultural são excluídos e colocados na base dessa hierarquia, quando o que deveríamos estar fazendo era incentivar as diferenças, a diversidade cultural.

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  9. O Eurocentrismo é uma influencia muito forte em muitos lugares. A globalização também influência no momento de sobreposição cultural, pois esta é uma rede onde tudo ficou mais singularizado, onde chega informação tem globalização. É inevitável que a hierarquização cultural aconteça, mas ela deve ser evitada sempre que possivel, para que "culturas" originais não percam sua essencia.

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  11. A cultura foi muitas vezes utilizada como meio de dominação. A imposição de uma cultura e a consequente inferiorização de outra destrói a diversidade cultural. No Brasil isso não é diferente, desde a época da colonização foi imposta aos indígenas e africanos a cultura europeia. Ainda hoje vemos uma cultura se sobrepondo a outra.
    Até mesmo no que é pensado como "cultura", quem não trabalha com a cultura, ou nunca estudou o conceito, muitas vezes pensa na cultura erudita como sendo cultura, e não incluindo as outras expressões culturais. É possível perceber também essa sobreposição quando se fala que alguém "tem cultura", todos temos cultura, todos, querendo ou não, gostando ou não, nos identificando ou não, fazemos parte de uma cultura, mas a expressão se refere a pessoas que estudaram, que leem, pessoas consideradas "cultas". Percebemos assim o quão enraizado está este pensamento que a cultura erudita é melhor que a popular.
    No Brasil, e talvez em outros países "em desenvolvimento" também, acredito que isso vá alem da cultura erudita, isso está também no que vem de fora. Muitas vezes o que é estrangeiro é mais valorizado, mais comercializado. Enquanto o que é produzido aqui é considerado inferior. A globalização não ajuda muito para a reversão deste quadro, a valorização das diferenças que também acontece com a globalização não atinge a todos, a cultura massificada e estrangeira que vem com a globalização atinge a muito mais brasileiros do que o entendimento da importância da valorização das diferenças culturais, me arrisco a dizer, devido a alta valorização do que é erudito e estrangeiro e da marginalização da cultura popular.

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